domingo, 1 de novembro de 2009

Autárquicas 2009

Notícias de Fátima, Outubro 2009

As últimas eleições europeias e legislativas confirmaram que Ourém se enquadra num espaço geográfico onde o PSD continua a predominar largamente. As percentagens acima dos 60% em alguns concelhos são perfeitamente esclarecedoras.
Mas os sinais que nos surgem nas autárquicas, onde o PS consegue "ocupar" várias câmaras que eram tradicionalmente de direita, indicam que uma parte importante do eleitorado começa a conseguir olhar para os candidatos separando-os do partido político que os suportam.
Em Ourém, Paulo Fonseca personaliza este novo movimento. Por comparação com as eleições legislativas, verifica-se que de todos os partidos e até da abstenção, dos nulos e brancos há concentração de votos no candidato. Isto evidencia a enorme vontade de mudança no concelho, e que esta era transversal a todo o eleitorado. Apenas o PSD na eleição das Assembleias de Freguesia e a CDU nas três votações apresentam maior número de votos nas Autárquicas por comparação com as legislativas.
Se Paulo Fonseca assim capitaliza em seu favor tanto descontentamento, é porque o PSD chegou a um ponto de onde já não conseguia sair. Havia demasiados interesses instalados, excesso de briga pelo protagonismo das famílias tradicionalmente mais influentes, um cenário decadente que o eleitorado claramente rejeitou.
Não concordo que o responsável pela perda da Câmara pelo PSD fosse o seu candidato. Isso não justificaria, por exemplo, as três derrotas exemplares nas vilas de Caxarias, Freixianda e Olival. Estes casos são de grande significado. Nas três vilas, a insistência nas mesmas soluções de sempre, a falta de renovação de ideias, foi o factor principal que permitiu a outras forças alargarem a sua base de implantação.
Embora eu próprio não tenha apoiado a solução que os eleitores preferiram, não escondo que me agrada a ideia de o eleitorado se ter libertado finalmente da fixação que durante anos não permitia ao concelho experimentar outras alternativas. Ainda bem que há mudança de pessoas. Faço votos de que haja também alteração de políticas. Preferia, evidentemente, uma solução de maior diversidade de representação, tanto na Câmara Municipal, como na Assembleia, e até mesmo nas presidências de Junta, porque já se percebeu que as maiorias absolutas sofrem sempre a tentação da prepotência, do erro e da falta de equidade.
Agora a expectativa de mudança que se gerou no concelho lança uma enorme responsabilidade sobre os que foram eleitos, porque têm de se mostrar capazes de se afastar da prática anterior. É indispensável mais transparência, mais eficiência, menos gastos supérfluos. E a maior responsabilidade de todas vai para os eleitos à Assembleia Municipal, porque, com uma maioria de cor diferente da Câmara, vão ser chamados a finalmente assumirem o papel de fiscalizadores da actuação da maioria camarária.

Um concelho que se move

Notícias de Ourém, Outubro 2009

Parabéns aos vencedores das eleições. Há grandes vitórias e vitórias que, sendo pequenas em escala, são enormes de significado.

A vitória mais evidente foi a de Paulo Fonseca. Mais do que duplicou os votos do PS em Ourém nas eleições de há quinze dias, e deu corpo à vontade geral de pôr fim a uma experiência autárquica de um PSD já sem rei nem roque. Os votos chegaram de todos os quadrantes: o CDS perdeu mais de 2.800 votos, o BE sem concorrer em Ourém valia mais de 1.400 votos, do PSD vieram mais de 800. Até os brancos, nulos e abstenção diminuíram para concentrar votos em Paulo Fonseca.

É um resultado notável, verdadeiramente abrangente, que impõe desde o primeiro momento uma enorme responsabilidade sobre uma pessoa só. Fazemos votos, para bem de Ourém, que consiga atingir os objectivos que apresentou. O primeiro dos objectivos, que era abrir muitos espíritos à possibilidade de encarar alternativas, já está conseguido.

Merecem também destaque os dois movimentos, MOIA no Olival e MVM na Freixianda, pelo novo dinamismo que fez com que mais pessoas acreditassem na democracia. Se é verdade que o MVM ganhou, também é verdade que o mais significativo exemplo de participação cívica tem de ser reconhecido ao MOIA. E os elementos que elegeu para a Assembleia de Freguesia farão necessariamente a diferença, pelo que já nos conseguiram mostrar.

Merece ainda um elogio sincero o PSD de Fátima, onde o partido mantém grande vitalidade, que traduz no resultado que conseguiu. Não é um acaso. Em outras freguesias sociologicamente tão ou mais PSD do que Fátima, as velhas soluções de sempre, sem horizontes nem ideias, deram origem a derrotas de grande simbolismo.

Quanto à CDU, em cujas listas concorri, alegro-me muito com a reeleição de Sérgio Ribeiro e tenho de destacar o enorme significado de na Ribeira do Fárrio ter eleito um elemento à Assembleia de Freguesia. O abandono da freguesia pelos restantes partidos foi assim "vingado". E em nome de uma democracia verdadeira, que desejamos manter, é importantíssimo que haja ao menos uma voz alternativa a representar a população.

O maior perdedor foi o PSD, não tanto por causa dos resultados, mas pelo comportamento infantil e despropositado da noite eleitoral em que expulsou da sua sede a rádio ABC Portugal, mesmo antes de se começarem a conhecer os resultados. É o retrato acabado daquilo em que se tornou o PSD de Ourém. Verdadeiramente lamentável.