sábado, 14 de setembro de 2013

Ribeira Verde "Mudar"


Algumas pessoas estranham ver o senhor Filipe Janeiro na lista do PS. Eu não. Só os desatentos podem não ter reparado que o último presidente de Câmara do PSD, Frazão, abandonou o partido e concorre pelo MOVE; e a última presidente da Assembleia Municipal cabeça de lista do PSD, Deolinda, abandonou o partido e concorre pelo PS. Filipe Janeiro não está sozinho nesta decisão, e isto tem um significado.

Direi ainda mais, eu mesmo, se estivesse na situação de ter concorrido pelo PSD nos últimos anos, também mudava.

Um partido que a nível económico vai destruindo a grandes golpes o país, vendendo tudo o que serve a população. Um partido que não respeita o povo nem a Constituição, inventando uma lei autárquica para acabar com tantas freguesias, por teimosia de um ministro Relvas afinal já demitido. Um partido que está entregue a uma geração de betinhos que nunca trabalharam e se acham alguém porque tiraram uns cursos na América. Os mesmos que acham bem baixar o salário mínimo, porque sempre tiveram tudo e nunca tiveram de sobreviver com menos de 500 euros por mês.

Só me espanta que ainda haja tanta gente a aceitar concorrer na lista de um partido assim.

Pode ser que, a nível do concelho, vejam no partido as qualidades que eu não lhe encontro. Mas imagino, pelas figuras destacadas que se afastaram, que a chegada da segunda geração Albuquerque não produziu o entusiasmo que ele esperava.

É claro que eu não mudava para um partido que nos deu um Sócrates, como Deolinda ou Filipe Janeiro. Mas isso já é outra história.

Entrevista Ribeira Verde

1. O que o levou a candidatar-se à União de Freguesias de Freixianda, Ribeira do Fárrio e Formigais, pela CDU?

Há muitos anos que ando na política local. Cumpri vários mandatos na assembleia de freguesia de Formigais e na assembleia municipal. Sou contra os partidos que têm defendido demais os grandes interesses económicos, que privatizam tudo, retiram serviços às populações. A frustração, primeiro com o PSD e depois com o PS, aproximou-me da CDU, que defende mais o povo e não as grandes fortunas. Há 4 anos estive na lista da CDU à câmara municipal. Agora voltaram a confiar na minha capacidade e eu aceitei com satisfação colaborar mais uma vez. Sei que há muita desconfiança e muito preconceito em relação ao partido comunista, mas ao menos a presença de vários independentes na lista pode ser ocasião para as pessoas pensarem pela própria cabeça. Há 4 anos a professora Cidália já conseguiu mudar algumas mentalidades e foi eleita para a assembleia de freguesia da Ribeira do Fárrio. Temos esperança de conseguir novamente.

2. Quem são os elementos da Ribeira do Fárrio que o/a acompanham nesta candidatura?

A professora Cidália, que já há 4 anos concorreu, volta a estar na lista. E também a Amanda. Duas presenças femininas que são excelentes representantes da Ribeira do Fárrio. Eu sou de Formigais, mas vivo agora na Freixianda, onde dou aulas há bastantes anos; o José Luís Bicho é natural da Freixianda e o André de Formigais. Temos uma lista equilibrada em idades, em freguesias de origem e na distribuição entre homens e mulheres. Gosto muito de listas equilibradas.

3. Quais os projetos que visa desenvolver na Ribeira do Fárrio, durante os possíveis 4 anos de mandato?

Não vale a pena ter muitas ilusões. O governo do PSD já tratou de reduzir a importância das juntas de freguesia, a câmara atualmente do PS continua muito endividada. Enfim, há dinheiro mas não é para as freguesias. Aquelas grandes obras que se prometiam há 4 anos, piscinas na Freixianda e ligações ao IC9 e projetos assim são pura ilusão. De qualquer maneira, há coisas que podem ser feitas com pouco dinheiro. O mais importante para uma junta com poucos recursos é ser apoio, ser uma espécie de orientação para as populações. Há experiências de outras terras em que a junta dá apoio técnico a quem quer e não pode manter os terrenos limpos, em vez de estarem ao abandono, prevenindo fogos e produzindo alguma riqueza; ou no reaproveitamento de bens usados, por exemplo máquinas ou material escolar em bom estado. São dois exemplos práticos de como com pouco se pode dar uma ajuda às pessoas. Mas há outras, com o apoio ao associativismo, e não só desportivo. Se há associações que conseguem captar apoios comunitários para projetos agrícolas, tenho a certeza de que cá também se consegue. É preciso conhecer os dossiês, estudar a documentação, pedir acompanhamento técnico, preencher muita papelada. Isso pode não ser fácil para uma pessoa isolada, mas torna-se mais fácil se houver uma dúzia a unir-se para perceber como se faz. É assim que entendemos o papel da junta de freguesia. Gostávamos muito de poder alimentar a esperança de melhorar as condições de saneamento, telecomunicações, transportes, serviço médico, apoio a idosos e carenciados, defesa do ambiente, desenvolvimento industrial. Mas em todas essas áreas sabemos que a junta apenas pode reivindicar, não pode fazer.

4. Como pretende defender os interesses da Ribeira do Fárrio?

À partida temos poucas hipóteses de ser a lista mais votada. Se ganhássemos a junta, achamos que se devia contrariar os manda-chuva que obrigaram à união das freguesias. Devíamos manter bem viva a recordação das três freguesias, distintas, olhar para cada uma de acordo com as suas características. Como o nosso objetivo mais realista é conseguir um dos nove lugares da assembleia de freguesia (mas mesmo para isso precisamos de passar das duas centenas de votos), achamos que a assembleia de freguesia devia ter três sedes e reunir à vez em cada uma delas, para recordar que cada pedaço de território não é apenas uma mancha no mapa, como acham os burocratas de Lisboa, são populações e são terras que não podem ser esquecidas.


5. Atendendo a que o Norte do concelho ficou, desde sempre, mais esquecido num conjunto de 18 freguesias, acredita na mudança com esta união?


Não me parece que o Norte do concelho estivesse muito mais esquecido do que o resto do concelho. Não encontro grandes diferenças entre a atenção dada à Ribeira do Fárrio e, por exemplo, ao Cercal a Oeste ou Alburitel a Nascente. Isto é um exemplo, para só falar em freguesias de pequena dimensão. A Sul fica Fátima, mas aí o caso é outro, tem condições completamente diferentes e o desenvolvimento que consegue não vem da atenção que recebe da Câmara. Quanto à mudança no mapa das freguesias, não acredito nada nela. Foi uma teimosia do PSD e do CDS, contra a vontade de todos. Como é evidente, isto não serve para melhorar a situação das populações. E nunca foi essa a preocupação dos políticos que fizeram essa lei. Mesmo com a boa vontade de quem vier a ser eleito, nunca haverá capacidade de responder com a mesma prontidão numa freguesia que vai das Parcerias ao Agroal. Eu acho que o PSD e o CDS, que concorrem em coligação no concelho de Ourém, é podiam fazer o favor de nos explicar como é que isto vai beneficiar a população.


6. Que mensagem deixa aos leitores de Ribeira Verde neste período que antecede as Eleições Autárquicas 2013?


Os eleitores deviam dar aos partidos o que eles merecem. Se acham que o PSD e o CDS ou o PS têm tido uma boa atuação para defender a população, é continuar a bater-lhes palmas. Se, pelo contrário, acham que vamos de mal a pior, que os ricos ficam cada vez mais ricos porque há muitos anos se anda a tirar aos pobres, então está na altura de mostrar que já chega. Há quem diga que nas autárquicas é diferente, que os partidos não contam. Ilusão. Os partidos têm a força que receberem nos votos. Se tiverem boa votação nas autárquicas vão sentir-se reforçados para continuar no mesmo caminho. Queremos continuar no mesmo caminho?
Esse é um dos grandes motivos que me leva a aceitar um desafio tão difícil, ser candidato da CDU numa terra que nem pode ouvir falar em comunismo. É dar oportunidade às pessoas de escolherem outro caminho. Há 4 anos, na Ribeira do Fárrio só havia duas listas. A CDU foi a alternativa. Pois que este ano o seja outra vez.