sábado, 29 de agosto de 2009

São rosas

Notícias de Ourém 28.08.2009

Sempre me fez confusão aquela parte do milagre da Rainha Santa quando ela transforma pão em rosas. É evidente que o pão era muito mais útil, e D. Isabel era uma pessoa sensata. Não tem lógica trocar um bem útil por outro que, sendo lindo, não enche barriga. Mas o rei D. Dinis irritava-se com o desperdício de esmolas da sua santa esposa para os pobres, e a boa da Santa Isabel viu-se obrigada a fazer um milagre para não o contrariar. Prerrogativas de santa...
As estatísticas do sucesso escolar que o ministério da educação publicou recentemente são uma espécie de milagre das rosas, mas ao contrário. Pega nas rosas e nos espinhos do que se realmente se passa nas escolas e transforma-as numa aparência luzidia de um enorme sucesso.
Dizem que há menos "chumbos". Pois sim! Finalmente dão resultado medidas políticas como o fim da reprovação por faltas. Até há dois anos, os alunos que faltassem excessivamente reprovavam. Graças à nova lei do estatuto do aluno, isso acabou.
Também é possível que esteja relacionado com aquela notícia que animou o início do Verão, de um aluno que passou com oito negativas. E veio-se a saber que não é caso isolado.
Também é possível que esteja relacionado com a proliferação dos cursos CEF, onde frequentar as aulas, mesmo sem levar sequer um caderno ou uma caneta, é garantia de sucesso quase absoluto.
São pequenos passos que caminham para o mesmo fim: sucesso estatístico. Se a qualificação real aumenta, isso ver-se-á brevemente com a publicação dos resultados internacionais.
Na verdade, não há milagre nenhum nesta matéria. O que há é mais um dos cansativos truques de ilusionismo que o governo de Sócrates faz há anos, convencido de que pode enganar toda a gente o tempo todo.
Há ainda alguns que acreditam. Uns porque acreditam seja no que for, tomam o PS por religião e acolhem sem crítica tudo o que tiver o símbolo da rosa. Outros porque não se dão ao trabalho de procurar informação para além da papinha que as TVs preparam para a hora de jantar. E outros ainda fingem acreditar, porque o poder pode ser muito generoso, com lugares apetecíveis para distribuir.
Fora destes três grupos já não é possível deixar-se enganar outra vez.
Eu deixei de acreditar. O PS é só um partido, não é a minha religião, e procuro manter o espírito livre e um olhar crítico sobre a vida política; também não sou muito preguiçoso a procurar informação, com mais leitura e menos televisão; e quanto aos lugares apetecíveis, costuma ser a moeda com que se compra a independência de espírito. E eu não estou disposto a deixar de pensar pela minha cabeça.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mini autocarro

Em tempo de eleições, acho que se entra em certos delírios sem explicação.

A Câmara colocou a circular um mini-autocarro entre Formigais e o Agroal. Circula vazio em intervalos de meias-horas e faz lembra o saudoso "Giro" que durante uns meses deu voltas de carrossel na cidade de Ourém, até acabar tristemente e sem glória, esquecido por todos.

A utilidade do "benefício" está ao nível de uma lata de caviar para matar a fome de um indigente. É um luxo caríssimo, mas não enche barriga.

A população de Formigais praticamente não tem transportes públicos para ir a Ourém ou mesmo para ir ao médico à Freixianda nos muitos dias em que não há o serviço na delegação local. Mas no Verão tem o luxo de um mini-autocarro gratuito e vazio para ir ao Agroal.

Eu, que até defendo melhores transportes públicos, não consigo compreender estas escolhas.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

História de uma candidatura

Depois de se tornar insuportável a figura de Sócrates que me fez ganhar distância do PS, depois de ver os dois grandes partidos ficarem cada vez mais iguais nos princípios e nos processos, depois de ser desafiado pelo Sérgio Ribeiro para colaborar nas autárquicas... aceitei concorrer à Câmara Municipal de Ourém como independente nas listas da CDU.

Mantenho a admiração que antes tinha pelas qualidades dos outros candidatos, particularmente do Vítor Frazão e do Paulo Fonseca (não conheço o candidato do CDS-PP), mas não sigo pelo caminho deles.

Sei que o povo do concelho de Ourém não costuma manifestar grande apoio à CDU, mas tenho esperança que o meu contributo possa ser ocasião para reavaliar algum preconceito. Se mais alguns perderem o medo e a democracia ficar um bocadinho mais colorida, isso já é justificação suficiente para o meu empenho.