quarta-feira, 9 de março de 2011

Onde anda o dinheiro?

Como é sabido, eu não sou da área da economia nem das finanças. Se calhar é por isso que não entendo algumas coisas.

Segundo as estatísticas internacionais, o Produto Interno Bruto Per Capita tem andado à volta de 24.000 dólares por ano. Sendo estatística, também contam as crianças e idosos, claro. Ora, se nós produzimos riqueza de quase 100.000 dólares por ano numa família típica de dois adultos ativos e duas crianças, onde anda o dinheiro? Desconfio que o rendimento anual bruto da maioria das famílias que conheço nem se aproxima deste valor.

É claro que há aqueles gestores que ganham por mês o equivalente a dezenas de anos dos seus trabalhadores. Assim não dá.

Acho que o nosso problema enquanto sociedade passa por aqui: a riqueza não é distribuída de forma justa e equilibrada. Mas devia ser.

4 comentários:

Carlos Gomes disse...

Desde há uns anos a esta parte, alguns economistas têm vindo a defender que mais vale produzir e vender um automóvel do que uma tonelada de batatas... por outras palavras, a exportação de certos bens como, por exemplo, a tecnologia informática, contribui de uma forma incomparavelmente superior para o crescimento do PIB, o que em termos estatísticos representa um acréscimo do rendimento per capita. Sucede, porém, que apenas uma escassa minoria da população encontra-se ocupada nessas áreas de actividade ou seja, a esmagadora maioria dos portugueses não produz automóveis nem tecnologia informática e, por conseguinte, não aufere do rendimento que as estatísticas lhes atribuem.

Sérgio Ribeiro disse...

Ó meus amigos, isto da economia! Mas qual economia?
Há a dos RECURSOS (naturais e adquiridos por transformações) que satisfazem NECESSIDADES (que não são imutáveis, mas fisiiológicas E sociais) através do TRABALHO (vivo e "morto" ou cristalizado em séculos e milénios de transformações instrumentais);

E

há a MONETÁRIA que se focaliza exclusivamente no dinheiro, esquecendo - deliberadamente - que este é (ou deveria ser) apenas um
instrumento para fazer funcionar a outra.

E, além disso, a distribuição da riqueza é condicionada pelo modo como, socialmente, a riqueza foi produzida.

Abraços

Carlos Gomes disse...

Um dos disparates que, a meu ver tem vindo a ser preconizado por alguns economistas e que tem prevalecido nas decisões políticas reside na equívoco resultante da confusão entre a causa e o efeito, no pressuposto de que é pelo facto de, nos países economicamente mais desenvolvidos, apenas uma percentagem muito reduzida da população se encontrar ocupada nos sectores primário (agricultura, pescas e industrias extractivas) e secundário (indústrias transformadoras)e não o contrário ou seja, este facto ser resultante do desenvolvimento tecnológico nestes sectores, dispensando grande parte da mão-de-obra. E, no pressuposto erróneo de que bastará empregar a maioria da população no sector terciário (comércio e serviços) para que o país se mostre desenvolvido, despovoa o interior, encerra as indústrias, inaugura hipermercados em série e, como perspectiva de futuro, emprega os jovens nas máquinas registadoras do supermercado... aos mais velhos aque entretanto perderam o seu emprego, manda-os fazer artesanato!

Carlos Gomes disse...

Se a greve dos camionistas se prolongar demasiado no tempo existe o risco do poder cair na rua... e, o que o pode evitar?
Na ânsia de se agarrarem ao poder, reduziram e profissionalizaram as forças armadas a pretexto da sua modernização e, em contrapartida, aumentaram e equiparam os efectivos da Guarda Nacional Republicana, dotando-a de meios para abranger militarmente toda a "quadrícula" ou seja, ficar apta a intervir em todos os meios e situações. Na realidade, procurou transformar a GNR numa espécie de guarda pretoriana... mas, ao tempo do Império Romano, era precisamente a guarda pretoriana que substituía os imperadores!
Nas últimas décadas, a GNR ficou mais perto do povo, como antes sucedia com o Exército. A História, por vezes, também nos revela algumas ironias...