A Câmara de Ourém faz lembrar um televisor antigo. De vez em quando não se consegue ver nada e é precisa uma pancadita de lado para aparecer mais qualquer coisa. Infelizmente, o mais provável é que se trate outra vez de anúncios.
Ora um anúncio não é verdadeiramente uma novidade, é só uma coisa para manter o público entretido.
Há meses que a Câmara sabe da falta de condições na escola primária da Freixianda. A direcção do Agrupamento de Escolas tem multiplicado recados, faxes e ofícios e até uma intervenção na Assembleia Municipal, sem conseguir sequer a boa educação de uma resposta, só silêncio. Foi preciso alguém lembrar-se de dar um abanão, para se ver mais qualquer coisa.
Os pais dos alunos, eleitores na freguesia que mais votos rende a esta maioria, fartaram-se de esperar e foram protestar para se acabarem as desculpas. Conseguiram com isso o que mais de um ano de vias normais não tinham conseguido: que a velha câmara se mexesse. E que grande surpresa! O presidente da Câmara não mandou ninguém em seu lugar, foi ver pelos seus próprios olhos e falar com os pais dos alunos. Uma deslocação ao distante "norte do concelho" para conhecer a falta de condições das casas de banho de uma escola era desnecessário, porque disso já tinha sido largamente informado há muito. O objectivo foi mais o de acalmar os ânimos e, para isso, aparentemente não basta o vereador da educação, que até é professor e é da Freixianda. Foi o presidente em pessoa, porque mais ninguém conseguia resolver convenientemente aquele delicado problema de casas de banho.
O jornal Região de Leiria esclareceu já que a Câmara não está disponível para gastar dinheiro em obras provisórias, porque a solução será construir um novo edifício junto da Escola de 2.º e 3.º Ciclo. Com ou sem visita presidencial, a ideia é deixar tudo como está, para já.
Enfim, com uma manifestação à porta, voltámos ao programa habitual, que é anúncios. O problema é que neste concelho os anúncios demoram a tornar-se reais e os projectos estão sempre a mudar. Há um ano, o mesmo problema resolvia-se com a ampliação da escola primária para integrar lá também o Jardim de Infância. Dizia-se que a Junta já tinha comprado o terreno e o projecto até ficou na recambolesca Carta Educativa. Ainda não passaram seis meses e já é outra coisa totalmente diferente. É o planeamento à moda da Câmara de Ourém, hoje sim, amanhã não.
E como se vai resolver afinal um pequeno problema de casas de banho de uma escola primária? Primeiro uma comissão vai estudar a compra de um terreno, depois faz-se um projecto, em seguida é só negociar com a Direcção Regional de Educação, alterar a Carta Educativa, candidatar-se a financiamento dos fundos europeus, edificar a obra e equipá-la. Em resumo: vai demorar tanto tempo que provavelmente nenhum dos actuais alunos vai chegar a beneficiar do novo edifício.
Mas quando a população se contenta com anúncios em vez de soluções, pelo menos terá valido a pena a longa viagem ao "norte do concelho". As pessoas ficam sossegadinhas, com os ouvidos cheios de doces promessas e assim deixam em paz os políticos, que têm mais que fazer do que resolver problemas de casas de banho em escolas primárias de uma vila perdida lá nos confins do interior.
Pedimos desculpa por esta interrupção. Os anúncios seguem dentro de momentos.
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