Notícias de Fátima, Outubro 2009
As últimas eleições europeias e legislativas confirmaram que Ourém se enquadra num espaço geográfico onde o PSD continua a predominar largamente. As percentagens acima dos 60% em alguns concelhos são perfeitamente esclarecedoras.
Mas os sinais que nos surgem nas autárquicas, onde o PS consegue "ocupar" várias câmaras que eram tradicionalmente de direita, indicam que uma parte importante do eleitorado começa a conseguir olhar para os candidatos separando-os do partido político que os suportam.
Em Ourém, Paulo Fonseca personaliza este novo movimento. Por comparação com as eleições legislativas, verifica-se que de todos os partidos e até da abstenção, dos nulos e brancos há concentração de votos no candidato. Isto evidencia a enorme vontade de mudança no concelho, e que esta era transversal a todo o eleitorado. Apenas o PSD na eleição das Assembleias de Freguesia e a CDU nas três votações apresentam maior número de votos nas Autárquicas por comparação com as legislativas.
Se Paulo Fonseca assim capitaliza em seu favor tanto descontentamento, é porque o PSD chegou a um ponto de onde já não conseguia sair. Havia demasiados interesses instalados, excesso de briga pelo protagonismo das famílias tradicionalmente mais influentes, um cenário decadente que o eleitorado claramente rejeitou.
Não concordo que o responsável pela perda da Câmara pelo PSD fosse o seu candidato. Isso não justificaria, por exemplo, as três derrotas exemplares nas vilas de Caxarias, Freixianda e Olival. Estes casos são de grande significado. Nas três vilas, a insistência nas mesmas soluções de sempre, a falta de renovação de ideias, foi o factor principal que permitiu a outras forças alargarem a sua base de implantação.
Embora eu próprio não tenha apoiado a solução que os eleitores preferiram, não escondo que me agrada a ideia de o eleitorado se ter libertado finalmente da fixação que durante anos não permitia ao concelho experimentar outras alternativas. Ainda bem que há mudança de pessoas. Faço votos de que haja também alteração de políticas. Preferia, evidentemente, uma solução de maior diversidade de representação, tanto na Câmara Municipal, como na Assembleia, e até mesmo nas presidências de Junta, porque já se percebeu que as maiorias absolutas sofrem sempre a tentação da prepotência, do erro e da falta de equidade.
Agora a expectativa de mudança que se gerou no concelho lança uma enorme responsabilidade sobre os que foram eleitos, porque têm de se mostrar capazes de se afastar da prática anterior. É indispensável mais transparência, mais eficiência, menos gastos supérfluos. E a maior responsabilidade de todas vai para os eleitos à Assembleia Municipal, porque, com uma maioria de cor diferente da Câmara, vão ser chamados a finalmente assumirem o papel de fiscalizadores da actuação da maioria camarária.
domingo, 1 de novembro de 2009
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3 comentários:
É tão reconfortante ler o que é reflexão, ainda que de outros e não se concorde. O que não éo caso.
Estes dois textos de JFO deveriam ser de leitura obrigatória por quem se interessa, seriamente, por política, i.é., em con-viver.
Não estarei de acordo com tudo, não no essencial, apenas num ou noutro pormenor. Por isso... conversaremos. Aqui, ou onde for.
Um grande abraço
É pá, este comentário saiu confuso. E até pode ser mal interpretado.
Estou inteiramente de acordo com o que neles é essencial. Haverá um outro pormenor sobre que poderemos conversar...
Às vezes sai-nos arrevezado o que queríamos dizer.
Outro abraço
Para mim não estava confuso, era isso mesmo que tinha percebido. Havemos de falar, tenho de dar um jeito na minha desorganização.
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