Notícias de Ourém, Outubro 2005
Saiu no sábado passado em vários jornais o famoso “ranking” de escolas secundárias do país. E, como acontece todos os anos, se apontam falhas a este sistema de classificação. Em geral, acho que são bem fundadas todas essas críticas.
O ranking de escolas é uma lista que depende muito mais dos alunos e do que eles conseguem, do que da qualidade das escolas. Por isso, esta classificação, quando muito, deixa-nos saber onde andam os melhores alunos, mas não nos deixa saber onde estão os melhores professores nem as melhores práticas pedagógicas.
A lista do Expresso apresenta os resultados comparados com os anos anteriores e isso aumenta-nos a estranheza. A Escola Secundária de Ourém, por exemplo aparece agora na posição 114, enquanto há um ano estava na 241, e há dois anos estava em 254. Seria caso para perguntar a que se deve esta diferença de mais de 100 lugares. Mudaram os professores? Mudaram as técnicas de ensino? Foi feita alguma revolução interna? Eu penso que não. O CEF e o Colégio de S. Miguel também saltam posições de ano para ano, para cima e para baixo. E também não tiveram revoluções.
Depois há esta situação curiosa, a classificação do Expresso não bate certo com a classificação de outras publicações, como do Público, por exemplo. Vejam-se os números atribuídos por estes dois jornais: CEF – 62 / 102; Escola Secundária de Ourém 114 / 158; Colégio S. Miguel – 216 / 215. Estes números tão diferentes resultam dos critérios usados para fazer as contas. Enquanto o Público só conta 7 disciplinas, aparentemente o Expresso conta-as todas. Enquanto o Público classifica todas as escolas, o Expresso desconta as escolas pequenas. Enfim, há números para todos os gostos.
Mas não termina aqui a fragilidade deste ranking, que afinal não é um só. Em termos médios, a diferença de pontuação entre as três escolas secundárias do concelho é inferior a meio ponto, na escala de 1 a 20. Isto equivale a dizer que a nota média dos exames no CEF foi de 11,4 e na Secundária de Ourém foi 11, ou 10,6 no Colégio de S. Miguel (números do Público). É uma diferença bem mais pequena do que poderíamos pensar a partir da posição ocupada na lista.
No nosso pequeno exemplo do concelho de Ourém, nem se pode dizer, como alguns apressados podem concluir, que o ensino privado produz melhores resultados. Veja-se como a Secundária de Ourém ocupa lugar entre o CEF e o S. Miguel, com umas décimas de diferença para baixo ou para cima.
Salta à vista que estes rankings de escolas, com os seus resultados flutuantes e os critérios parciais, são um curioso passatempo para entreter o pessoal. Mas não passam disso mesmo e para serem coisa séria ainda têm muito que melhorar. Neste campeonato de meios pontos ainda ninguém está a ganhar.
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