domingo, 22 de julho de 2007

O norte unido

Notícias de Ourém, Julho 2007

Lembram-se daquela história do lobo e da raposa que apanharam um carneiro? Como foi uma caçada a meias, decidiram partilhar o banquete. Mas a raposa, com as desculpas de ser madrinha de baptizado, foi comendo três dias sozinha em segredo, e dizia ao lobo que o banquete ficava para o dia a seguir. O primeiro afilhado chamava-se “Comeceite”, o segundo era “Mieite” e o terceiro era “Findeite”. Resultado: o lobo foi na conversa da raposa e quando chegou ao local já só restava o rabo.
Li com atenção a notícia sobre o núcleo da Freixianda do PSD, que eu tenho gosto em saudar. As pessoas que o encabeçam são “velhos companheiros” de várias aventuras e já colaborámos muitas vezes para o bem da região.
É certo que neste projecto eu não tenho intenção de entrar. Prezo muito o objectivo, a união de esforços pelo desenvolvimento das pontas mais esquecidas do concelho de Ourém, mas não acredito nem um milímetro na capacidade da força política que governa a nossa autarquia. É só isso que nos separa.
Reparei com curiosidade que o tal núcleo da Freixianda inclui cinco freguesias. Tem toda a lógica, não podia estar mais de acordo. Quando ouço falar do “norte do concelho”, entendo que querem dizer Formigais e a Freixianda junto com as três freguesias filhas, que ao longo da história se formaram a partir dela: Rio de Couros, Casal dos Bernardos e Ribeira do Fárrio. Em termos geográficos, a ideia faz sentido. Já em termos de união das pessoas, é uma completa fantasia, inventada por alguns políticos, em que só acredita quem quer.
Depois do recente debate da Carta Educativa, fiquei ainda com mais certezas sobre isto. Foi público e notório que Rio de Couros e Casal dos Bernardos se recusaram, com enorme convicção, pertencer ao território da Freixianda. Conduziram essa batalha sem tréguas e acabaram por levar a deles avante.
Ora, a primeira bandeira do tal “norte do concelho” poderia ter sido muito bem a defesa da instituição mais significativa daquela região, a Escola EB2,3 da Freixianda. Pelo contrário, depois de combater energicamente a proposta da Câmara e do Ministério da Educação, que queriam dar-lhe maior importância, votaram todos contra ela, à excepção do senhor Caetano.
Em Rio de Couros até se declaram “prontos para o combate, para restabelecer a normalidade”. Entenda-se: o combate era contra a Freixianda, a normalidade era a ligação a Caxarias.
O projecto agora em andamento tem boas intenções e um discurso que parece música, mas a partida ameaça ficar desafinada. Pela defesa da escola, tiveram o primeiro pássaro na mão, e logo o deixaram voar.
Desejo-lhes verdadeiramente muita sorte e todo o jeito, para serem bem sucedidos nas justas intenções de puxar por estas terras e estas gentes. Ganha a região e o concelho. Mas aguardo com curiosidade sobretudo os ventos que sopram de Rio de Couros e Casal dos Bernardos para um projecto assim tão nobre. Se mostrarem tanto empenho como para a Carta Educativa, fica tudo em boas mãos.
Vamos ver se não é como na velha história: companheiros de aventura, dizem umas belas palavras, mas cada um trata da sua vidinha o melhor que conseguir. O parceiro lobo que se dane, que a raposa matreira sempre se há-de ir amanhando.

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