Notícias de Ourém, Maio 2007
Se calhar existe um livro para políticos de província onde se ensina a elevada esperteza saloia de usar o dinheiro do Estado para fidelizar uns votozitos e produzir grandes maiorias à maneira da Madeira.
Uma ideia que certamente ficava bem num livro desses era a distribuição avulsa de subsídios, sem regras e sem critério, como se fossem biscoitos para manter fiéis alguns votos amestrados. Uma ideia assim, reconheça-se, é bem catita! É barata, porque usa dinheiro público (e isso não custa a ninguém). Além disso, como não tem regulamento e é avulsa, pode seguir a norma universal do “ou te portas bem, ou acaba-se a maminha”. Não deixa de ser um forte argumento.
Conta-se por aí que este ano o subsídio avulso da Câmara às Associações do Concelho seguiu uma ideia que faz lembra qualquer coisa assim parecida. Pelo correio já seguiu o anúncio do biscoito para daqui a um tempito, com o aviso de que “votaram contra os vereadores do PS”.
Lendo nas entrelinhas o que lá não ia escrito, parece-me descortinar a mensagem: “vejam lá se têm juizinho e não votam nesses malandros, que só vos querem tirar o bombom. Nós é que somos os amiguinhos!”. Mas isto não vem mesmo lá escrito e sou eu a imaginar. Em conclusão, os serviços da Câmara Municipal inauguraram a pré-campanha eleitoral.
Os vereadores do PS não devem ter lido do mesmo livro para políticos espertinhos e ainda estão agarrados à ideia da transparência, à ideia de que usar o dinheiro público deveria seguir certas regras e não ser à vontade do freguês. Em vez de subsídios mais ou menos ao calha, queriam agora essas modernices de atribuir dinheiro às colectividades com base em regras claras e públicas. Mas não há-de ser como eles querem, quem tem o dinheirinho é que manda e faz como bem entender. Não há regulamento e ponto final.
A esperança que nos resta é que haja também um livro da esperteza para eleitores que ajude a perceber o significado das palmadinhas nas costas que certos políticos gostam de dar, com um arzinho de “toma lá, mas não digas nada a ninguém, que isto é especial para ti e só eu é que dou”. E já agora um livro que explique como é que se consegue ver quando um desses espertinhos não está a contar a história toda e está a tentar fazer-nos passar por pobres idiotas amestrados, que dão logo a patita, ao tinir do subsídio.
Uma saudação à atitude do PS, pelo respeito à inteligência dos eleitores. E outra mais pequenina à maioria municipal pela esperteza da golpada. Somos todos inteligentes e acho que percebemos muito bem onde é que queriam chegar.
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