segunda-feira, 16 de julho de 2007

Ainda falta muito?

Notícias de Ourém, Fevereiro 2006

É verdade que dá alguma vaidade chegar a certo ponto e poder concluir que se teve razão antes dos outros todos. Mas também é verdade que isso, as mais das vezes, não adianta de nada, nem a quem teve razão, nem a quem fez orelhas moucas e não quis aceitar um conselho. O resultado é, nas nossas pequenas coisas de todos os dias, ouvir alguém desabafar: “eu bem te dizia, mas tu não querias crer!”.
É mais um caso desses que agora nos salta à vista nas páginas dos jornais. Reunidas as partes intervenientes, políticos, empresário e Quercus, parece que finalmente conseguiram encontrar uma solução para o caso Intermarché. Muda-se o projecto para a parte legal do terreno e assim já se pode construir. Só podemos ficar felizes com uma solução que contenta a todos e acaba com aquela tristeza de uma obra sem fim à vista!
O engraçado é que esta nova solução agora apresentada... não é mesmo nada nova e já andava nos jornais aqui há mais de dez meses. Para quem não se lembra, foi apresentada pelo José Manuel Alho na campanha eleitoral. E tinha razão.
Mas para os dirigentes da Câmara, que tinham inventado o problema, era muito difícil engolir, à distância de algumas semanas das eleições, que a solução viesse dos adversários políticos. E, por isso, inventaram uns estratagemas do arco da velha, que só enganavam quem, juntamente com eles, não queria ver o que já saltava à vista. Diziam que iam emendar a lei, mas só para aquele caso; afirmavam que bastava dizer que se tinham enganado a fazer os mapas, e tudo se resolvia com um estalar de dedos. Afinal, parece que não! Alguém se acreditou? Eu certamente que não.
Agora que o perigo eleitoral já passou, agora que os eleitores já lhes deram a confiança, e os instalaram no governo mais quatro anos; agora que já toda a gente se devia ter esquecido; agora já podem apresentar uma solução que já podia e devia ter resolvido o problema há muito tempo.
Afinal, há quem tenha tido razão antes do tempo. Mas isso de nada valeu. Ao povo de Ourém não valeu de nada, porque a solução do problema foi travada durante quase um ano. Assim se atrasou o progresso e se perdeu ainda mais dinheiro. Não valeu também ao José Manuel Alho, porque o povo não quis acreditar nele e preferiu deixar-se enganar. São as contradições da vida.
Como se diz por aí, “mais vale cair em graça do que ser engraçado”. Mesmo que apareçam ideias melhores, o povo parece gostar mais das velhas invenções tontas de sempre... É muito mais seguro, já toda a gente sabe com o que conta.

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