segunda-feira, 16 de julho de 2007

Uma casa de cartão

Notícias de Ourém, Novembro 2005

A história dos três porquinhos há muitos anos que encanta as crianças e os adultos. O princípio que ela ensina é muito simples: quando se prepara o futuro, há que fazer as coisas com cuidado, mesmo que isso dê um pouco mais de trabalho. Dos três porquinhos da história, um fez a casa de papel, outro fez a casa de palha e só um é que fez a casa de tijolo. Evidentemente, as duas primeiras não conseguiram resistir às adversidades mais simples. Assim que chegou o lobo, os porquinhos ficaram desalojados. Só o mais avisado de todos, com uma casa bem pensada, é que acabou por “desenrascar” os porquinhos seus irmãos.
Vem isto como forma de comparação em relação a mais outra novidade, sempre da mesma nossa Câmara Municipal.
Lê-se no Região de Leiria que o novíssimo Parque Linear de Ourém vai para obras. Mas não é porque o longo passar dos anos lhe tenham estragado a beleza. Não pode ser por isso, porque só passaram cinco meses desde a sua inauguração. O que acontece é que não estava previsto chover em Ourém. Quando o Parque foi inaugurado o país estava em seca e de certeza que ninguém podia prever que algum dia havia de chover junto à ribeira de Seiça. Fez-se então o tal Parque, como se Ourém fosse em África, perdido no meio do deserto.
Acontece que, com as primeiras chuvas, ficou tudo feito em lama. E agora, em cima do milhão de contos que lá se empregou, é preciso engrossar a factura, porque está provado que lá também chove e que ali, ao lado da ribeira, a água começa a ser muita.
Mas parece que isso pouco importa, que aquele dinheiro de ninguém é para estragar com fartura no fazer e desfazer da obra mal projectada. Quando a massa se acabar, pede-se mais outro empréstimo ao banco, corrige-se o orçamento, e para a frente é que é caminho, como se viu na última Assembleia Municipal.
A fúria da obra eleitoral voltou a dar os seus frutos, com obras mal acabadas e outras por concluir. De qualquer maneira, o objectivo era só dar ilusão de fartura e o resultado não se estranha. Como na casa de papel do porquinho descuidado, há-de haver sempre alguém que acaba por “desenrascar”.
Como este filme promete assim continuar, certamente é completamente justificada a criação de mais uma vaga na Câmara, numa espécie de central oficial de reclamações, para onde foi “promovido” o antigo ajudante do Presidente da Câmara, quando teve de ceder o lugar a outro com mais influência.
E ainda há quem diga que há funcionários públicos a mais! Para ter ideias brilhantes, para servir a população, venham quantos mais melhor.

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