segunda-feira, 16 de julho de 2007

O valor das boas obras

Notícias de Ourém, Julho de 2005

Costuma dizer-se que quem sabe da arte é o artista, quem sabe do ofício é o oficial. O mesmo quer dizer que cada profissão tem pequenos pormenores a que a maioria das pessoas não presta atenção.
Há uns tempos, num debate sobre as obras que faziam falta num Jardim de Infância, ouvi uma explicação que eu achei muito acertada. Esse tal Jardim de Infância funciona num edifício adaptado e, por isso, não tem casas de banho suficientes, além de ser preciso passar pela rua para lá chegar. Ora eu achei um pouco estranha esta ideia de uma casa de banho não ser suficiente para uma dúzia de meninos. Mas a ideia não é nada estranha. E a explicação que me deram é bem simples e deixou-me convencido: os meninos de 3 e 4 anos não conseguem aguentar da mesma forma que os adultos. Os pais que fazem viagens longas com meninos no carro sabem bem como isso é, a todo o momento tem de haver paragens inesperadas, para atender com urgência ao pedido da criança. E numa escola? Quando um pede para ir à casa de banho, lembra logo a dois ou três, o que se complica quando ainda são pouco mais que bebés. E isto constantemente, todos os dias.
O problema maior é que esta situação, ou outras semelhantes, não acontece só num, mas em muitos Jardins de Infância do nosso Concelho e os pais das crianças, tal como os Educadores, sabem bem a urgência das obras de melhoramento nos edifícios.
O que podemos perguntar é porque é que este problema se arrasta há anos e porque é que nunca mais tem solução. Pois a resposta não é difícil. A Câmara Municipal não dispõe de verbas ilimitadas e o dinheiro é sempre como a manta no tempo do frio. Quando se tapa a cabeça, fica-se com frio nos pés. Assim é também o dinheiro, não pode chegar a todo o lado, nem fazer todas as obras que os cidadãos solicitam.
Mas por isso mesmo é que é necessário pensar bem quais são as melhores opções, que obras são mais urgentes, onde é que o dinheiro se tem de gastar.
Em altura de eleições, como é natural, apresenta-se a obra que se conseguiu fazer com os recursos disponíveis. É o tempo das inaugurações. Isso parece-me bem, porque os ciclos políticos devem terminar com a apresentação dos resultados. O que os eleitores precisam de fazer, no entanto, é olhar para as obras com um espírito muito atento, para verificar se o dinheiro foi bem distribuído.
E em minha modesta opinião, mais valia em qualquer freguesia gastar dinheiro a melhorar as condições das escolas e Jardins de Infância do que gastar o mesmo, por exemplo, num parque de lazer. É que uma escola tem um uso permanente, enquanto outros equipamentos, embora sejam bons para a população, só são usados de vez em quando. Se não podemos chegar a todo o lado, ao menos que cheguemos onde mais fazemos falta.

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