segunda-feira, 16 de julho de 2007

Tenho cá as minhas razões

Notícias de Ourém, Outubro 2005

David Catarino, segundo li num jornal, respondeu aos comerciantes de Fátima que “as pessoas para se portarem bem é por medo ou por educação, e medo não têm nenhum, e educação ainda menos”. Supondo que o autor das palavras é uma pessoa e não um bicho, para se portar bem... só se for por medo, porque de educação estamos conversados, com uma resposta destas.
Alguns dos meus amigos são do PSD. Eu sou independente. E por vezes dizem-me os meus amigos que é um desperdício eu andar a gastar energias com coisas da oposição. As minhas qualidades eram melhor aproveitadas se eu me juntasse à maioria actual, porque assim, por mais valor que tenha, nunca há ocasião para lhe dar utilidade. Ế certamente por serem meus amigos que acham as minhas qualidades assim tão importantes. E só por gostarem tanto do seu partido é que ainda têm a ilusão. Os chefes do nosso concelho não estão a morrer de interesse para aproveitar o que eu valho. Até no partido deles há muita gente de valor, que não tem oportunidade. Eu ia ser só mais um, sem proveito, e sempre de bico calado.
São muitas as razões que me fazem recusar o amigável convite de me juntar ao barco deles.
Em primeiro lugar, pela democracia. Se não houver listas fortes, não há por onde escolher. O mais importante é dar ao povo alternativas para fazer renovação. Está à vista de todos que não se cumpre esse objectivo juntando-se aos que agora lá estão.
A minha segunda razão, pelas pessoas que vão nas listas. Por mais voltas que dê à cabeça, não consigo entender o que a Câmara anda a fazer. Quarenta milhões, a fazer excêntricos todos os quatro anos? As contas da Câmara de Ourém parecem o Euromilhões, um Euromilhões ao contrário, porque é todo feito de dívidas. Quarenta milhões de euros de dívidas no final do mês de Agosto. E foram gastos em quê? Olhamos para os cartazes, é fácil de perceber. Jardins, estádios, piscinas, tudo certo, tudo bom. Vivemos todos à grande, e isso é o que o povo quer. Deve-se dinheiro aos pacotes, mas acham que está tudo bem. O progresso é assim mesmo. Um PDM cheio de erros? Isso para muitos não importa, votam todos a favor. Passam licenças ilegais? Não há problema nenhum, se não for a tribunal. Com o Intermarché parado, e um prédio em Ourém para ser deitado abaixo, por ordem de tribunal, acham que está bem assim. Mas para mim não está certo, recuso-me a perceber.
Em terceiro lugar, por causa da corrupção. Sabe muita gente, e os responsáveis da Câmara sabem melhor do que eu, que não há nenhum caso desses no nosso concelho. Por isso, não percebo porque é que os dirigentes da câmara não acabam com essas afirmações falsas e não dão garantias sérias que não há cá nada disso. Se, por exemplo, alguém achar que é mais prático pagar um suborno do que andar a caminhar para Ourém para fazer tudo legal, tem de ser contrariado e tem de se lhe mostrar que isso é tudo mentira e que está bem enganado. Coisas destas, para mim, não estão certas e recuso-me a entender.
Podem achar que me falta sentido prático. Alguns acham que estas coisas nunca se hão-de mudar. Mas eu não concordo, nem quero compreender. Para bem da democracia e do bom governo para todos, acredito na alternativa e tenho a certeza de que a mudança tem mesmo de acontecer. Onde eu agora combato, encontro mais democracia, encontro renovação, encontro gente competente, ideias de qualidade e vontade de transparência.
Mesmo respeitando as opções de alguns amigos que me questionam, na situação actual não os posso acompanhar.

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