segunda-feira, 16 de julho de 2007

O PDM presta?

Notícias de Ourém, Julho de 2005

A Coluna do Centro tem-nos falado do Compadre que não se engana a votar. É um compadre castiço, com falar do povo, que tem opinião pela família toda e que tem um cão com uma inteligência política que não fica nada atrás da do dono. Lá em casa votam todos no mesmo, até o cão, se lhe aceitassem a inscrição.
Não sei se é o mesmo Compadre que eu conheço, mas pelo sotaque até podia ser. O que eu conheço também tem um cão... E tem uma filha que vai casar. Acabou há pouco um curso na Universidade e anda a tentar arranjar um emprego, mas cá na terra a coisa está difícil. As pessoas com mais estudos só conseguem alguma coisa em Tomar ou em Leiria. Por cá, só se fosse mesmo na Câmara, mas aí já está tudo ocupado.
De qualquer modo gosta da terra e queria ficar cá a morar. Até já meteram um projecto à Câmara para fazer casa nova. Estão há uns meses à espera da resposta, já não deve demorar muito. O Compadre até já perguntou se não havia alguma maneira de fazer despachar o processo mais depressa, mas parece que não há...
Só que a demora e a papelada têm dado que pensar porque será preciso um projecto na Câmara para fazer uma casa? Aqui há 50 anos, era só contratar um pedreiro e cada um fazia como podia.
Ora, a resposta até o cãozito do Compadre a sabe: se cada um fizesse como entendesse, era a confusão geral. As nossas vilas e aldeias são de todos os que lá moram e precisam de ordenamento. Por isso é que é bom haver projectos, mesmo que às vezes demorem um bocado.
Assim, se é bom haver regras, a filha do Compadre já lhe explicou que é melhor estarem escritas, conhecidas por todos, para cada um se poder orientar, sem ter de ficar sujeito à opinião de quem manda, que até pode mudar de um momento para o outro.
O nosso Compadre mais a filha dele acabam, portanto, de dar de caras com o PDM. E não sabem bem se é boa coisa ou se é má. Afinal ele serve para fixar as Leis iguais para todos e para organizar a nossa terra e melhorar as condições de vida de todos. Ou, pelo menos, era para isso que devia servir.
Segundo se ouviu dizer, para o Presidente da Junta, este PDM não era lá grande coisa, até estava mal projectado, havia muita coisa a modificar. Pelo menos foi o que se ouviu dizer aqui há três anos, quando todos os Presidentes da Junta fizeram uma declaração nos jornais a dizer que nunca o iam aprovar. Mas depois o Presidente da Câmara explicou que era muito bom, que eles tinham mesmo que aprovar e os Presidentes da Junta lá concordaram com as regras. A confusão vem agora, porque o Presidente da Câmara já diz que o PDM não é lá muito bom e que é um empecilho para o desenvolvimento.
Fica o Compadre confuso, e com razão! Afinal em três anos as coisas mudam tanto: primeiro era mau para uns e bom para outro; depois já era bom para toda a gente, para mais tarde voltar a ser mau para todos. Até parece que o melhor era não haver PDM. Em vez de ter um Plano para o Concelho, se calhar era preferível deixar que quem manda fosse decidindo dia a dia o que era melhor e o que era pior. O risco era que as opiniões mudassem demasiado depressa e o que hoje era bom amanhã já fosse mau. Enfim, era só uma questão de conseguir acertar num dia bom.
Eu bem entendo o Compadre se ele se sentir confuso, porque até os que têm dirigido o Concelho têm as suas dúvidas. Só é pena que o cãozito do Compadre não saiba falar. Com a inteligência política do bicho talvez ele lhe conseguisse explicar.

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