segunda-feira, 16 de julho de 2007

No Agroal

Notícias de Ourém, Novembro 2006

Na história do pastor e do lobo, o pastor gritava a fingir que estava a ser atacado. Os vizinhos acreditavam e iam para o ajudar. Até que um dia, fartos de ser enganados, desistiram de o escutar. E quando o lobo atacou mesmo, o pastor ficou sem nada, porque ninguém o foi auxiliar.
É mais ou menos isso que sucede com os projectos do Agroal. Já tanta vez foram anunciados, que me custa a acreditar no que li, outra vez, no jornal, que em breve a obra vai avançar.
Agora até se anuncia, para provar que é mesmo verdade, que 50 mil contos pagaram um terreno de 5 mil metros, que era só o que impedia a Câmara de ir em frente. Fez bom negócio quem vendeu, isso não há que negar. Um terreno em zona de Reserva, em leito de cheia, e sem acesso possível por estrada, ser pago a 10 contos o metro, é uma boa referência de preço para todos os proprietários que no futuro precisem de ceder à Câmara alguma parcela um pouco melhor situada. Mas prossigamos...
Resta ver, quando a obra afinal já não for só de palavras e papel, quando tiver início e fim, o que lá vão construir e como se vai aguentar. Para já temos bons exemplos com as últimas cheias de Outubro.
As barracas que ganharam raízes na via pública e se foram multiplicando a cada ano que passa, andaram todas a boiar. A regra que está escrita diz que todas as construções provisórias de vendas devem desocupar o lugar quando chega o Verão ao fim. Mas a incapacidade de quem dirige o que é público, nos últimos anos, tem sempre perdido essa batalha e os mamarrachos lá vão ficando, ilegalmente a ocupar espaço. Agora se prova que o que está escrito afinal tem razão de ser. Além de estragarem a paisagem, as tais barracas de lata criam riscos desnecessários, quando o rio não aguenta toda a água que por lá passa e limpa o que lhe estorvar.
Mais acima está outro exemplo de como é a Câmara a planear. O Parque Aventura também andou a nadar. Mesmo sem ser técnico formado, qualquer simples cidadão, armado de um pouco de bom senso, diria que era arriscado instalar vedações junto às margens, e piscina e mesas e bancos de madeira ali mesmo rente à água. Mais tarde ou mais cedo um Inverno a sério ia provar que era uma ideia arriscada.
Quem depois das cheias recentes visitasse aquele local, via as tais mesas e bancos encavalitados nas árvores, redes cheias de entulho e muros deitados abaixo. Isso era de prever e se voltarem a insistir, vai voltar a acontecer.
Por exemplos como estes, é que eu me preocupo com o que poderá ser feito junto à nascente do Agroal. Sendo optimista, talvez se aguentem tanto como a famosa e inútil porta verde que a Câmara lá mandou colocar e que nem uma cheia desta ordem conseguir arrancar do local.
Se tudo correr pelo melhor, e se desta vez for verdade, estará o concelho de parabéns por ganhar finalmente um equipamento que há décadas se faz esperar. Mas se tudo correr mal, como na história do pastor, e o rio não se deixar iludir, quais são os técnicos que a Câmara irá responsabilizar? Sim, porque responsáveis políticos, parece que esses não há quem os queira procurar.

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